terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Lisboa, Inverno, Vespa

scooter winter

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Atravessámos Espanha! - From Lisbon to Croatia - posta 4

E partimos de Guadalajara. Era cedo. Oito da manhã é cedo para quem chega à uma e trinta da madrugada e ainda tem que descarregar as Vespas, jantar...

o pequeno-almoço em Guadalajara
O pequeno-almoço em Guadalajara.

Tomámos o pequeno-almoço, com o sol a fazer franzir o sobrolho ensonado, na mesma rua onde tínhamos jantado. No único estabelecimento aberto, ou melhor, que estava a abrir quando lá chegámos. E lá nos fizemos ao caminho.

A estrada continuava monótona e escaldante. Não apetecia nem luvas nem casaco e as viseiras seguiam abertas para sentir o ar. Os casacos pouco apertados, no limiar de ser apenas o necessário para os prender a nós. Por muita falta de vontade que tínhamos de os levar vestidos, a segurança falou mais alto!

O Rui «dos gadgets»
O Rui «dos gadgets».
E quilómetros e mais quilómetros de calor e abastecimentos mais ou menos regulares foram-se sucedendo e nem a estrada dos duros nos animou!

É assim chamado o troço da N-11 quando a A-2 (gratuita) passa a AP-2 (paga), perto de Saragoça, o que leva a que muitos condutores, principalmente de pesados e outros veículos lentos, se desviem para esta, para continuarem o percurso sem pagar. Mais à frente, cerca de 123 quilómetros depois de uma paisagem lunar, árida e seca, praticamente sem cruzar localidades, a N-11 encontra novamente a A-2, perto de Fraga.

Como já tínhamos passado por aqui noutras viagens e apanhámos uma fila contínua de pesados, pensámos que iriamos encontrar mais ou menos este cenário, sentindo-nos ainda mais pequenos do que já nos sentíamos ao circular naquelas estradas rectas, entre intermináveis planícies tórridas, a perder de vista. Mas, apesar do movimento ser bastante elevado, conseguimos quase sempre ultrapassagens seguras e ponderadas e continuar o nosso caminho por entre olhares admirados e sinais sonoros de regozijo, dos camionistas. Também eles, ao verem-nos passar, estavam a interromper a sua monotonia.

Chegados novamente à A-2 praticamente nos sentíamos em Barcelona, apesar dos ainda cerca de 200 quilómetros a percorrer.

O Emanuel, «Mago ds Vespas»
O Emanuel, «Mago ds Vespas».
E a Barcelona chegámos na hora de ponta de uma sexta-feira; mega caos! À medida que nos aproximávamos, íamos sentido mais o aumento de tráfego até que o tráfego se transformou em filas de trânsito compactas e tivemos que passar das faixas para o meio das mesmas, serpenteando, como os locais conduzindo maioritáriamente scooters, com as nossas Vespas pelo meio das filas de carros.

Sem saber muito bem onde era exactamente o local que tínhamos agendado pelo airbnb, num plano de contingencia porque à última da hora a anterior reserva que tinhamos feito, cancelou, optámos por seguir para a Avenida Diagonal e encostar numa sombra. No pára arranca e no circular a velocidades mais reduzidas ainda se sentia mais o calor sufocante e, nós e as Vespas, já precisávamos de uma pausa para repor a temperatura o mais baixo possível.

Com a ajuda do MeoDrive - um simpático patrocínio da Meo que muito nos auxiliou nesta viagem e que teremos oportunidade de falar ao longo deste relatos mais pormenorizadamente - lá chegámos ao destino. Uma zona de Barcelona repleta de imigrantes.

Telefonamos para o contacto a lá nos apareceu um emigrante que praticamente não falava Espanhol. Línguas estrangeiras só Francês aparentemente. Alguns gestos, poucas palavras e vários acenos de cabeça depois lá nos fizemos entender. Era para esperarmos que já lá vinha alguém...

Barcelona, foto de grupo, tentativa 1...
Barcelona, foto de grupo, tentativa 1...
Barcelona, foto de grupo, tentativa 2...
Barcelona, foto de grupo, tentativa 2...
Barcelona, foto de grupo, tentativa 3...
Barcelona, foto de grupo, tentativa 3...
Barcelona, foto de grupo, tentativa 4...
Barcelona, foto de grupo, tentativa 4...
Barcelona, foto de grupo!
Barcelona e, finalmente (!), a foto de grupo.

Lá chegou o "chefe" e com este já nos conseguimos entender. Dois de nós foram ver o apartamento, num prédio cheio de imigrantes do magrebinos, chineses, indianos, com pequenos apartamentos feitos da divisão de uma área maior, num andar elevado e sem elevador. Ao entrarem encontraram quatro pessoas descontraidamente a ver televisão e a comer amendoins, cascas pelo chão, deitados em cima das camas. Descalços, claro, um bom costume muçulmano. Percebemos serem conhecidos "do chefe" que os mandou sair. Saíram e levaram a televisão. E "o chefe" achou que estava tudo em condições, entregou-nos a chave e fez tenções de ir embora. "Oh chefe e acha que isto está em condições?" Camas desarrumadas e cascas pelo chão?


Woooouuuh wooouuh! Já deixámos Espanha para trás.

Desceram e "o chefe" foi falar com o primeiro emigrante que ficou de ter tudo limpo e mudado dali a uma hora. E os de nós que tinham ido ver o apartamento, contaram aos que ficaram o que se passava. Rimos todos, afinal o barato tinha que ter algo. Mas para nós, depois de limpo e camas mudadas, ficou perfeito!

E concordamos todos, enquanto esperávamos pela limpeza, ir para um tasco, também ele de um emigrante, mesmo em frente do prédio que nos iria acolher, beber umas jolas geladinhas. Espanha estava passada, brindámos a isso!

Find Estevão...
Find Estevão...
Barcelona, arco do triunfo
Barcelona, arco do triunfo.

A noite foi gasta a andar sem destino ou sentido definidos por Barcelona. Amanhã teríamos o dia todo livre – o ferry para Savona era só às 23:55 – e não valia a pena avançar muito pela noite dentro para visitarmos alguns sítios icónicos desta cidade. Ainda assim não conseguimos recolher muito cedo. Afinal quase todos nós só tínhamos estado em Barcelona de passagem e Barcelona é Barcelona.

O "condomínio" de imigrantes estava calmo à nossa chegada...


Foi este sensívelmente o nosso percurso no segundo dia de viagem.
Cerca de 550 Km percorridos.